sábado, 4 de abril de 2009

Armado até os dentes




Aee rapaziada...
Desta vez não vai ter para ninguém! Não pretendo dar chance aos adversários. Para isso, me armei até os dentes para fazer as melhores foto-spot (nem sei que se isso existe). Sei que vou para a cabeceira da 35 do combalido Marechal Rondon e de lá vou matar a pau... Sei que vou esperar boas horas para conseguir uma boa imagem de um TAM 319 ou um Boeing da Gol ou da WebJet. Mas o que eu queria mesmo é pegar de jeito aquele 727 da Total. Lindo. Mas, precisava de me armar. Agora está consumado!

1º Passo
Descolar um grana para comprar a "poderosa". Olhei de soslaio para o balcão na sala íntima e lá está o caminhodo meu sucesso, imponente, quase que sorrindo para mim: o porquinho que o Nando vem nutrindo já ha um bom tempo com "assaltos" consentidos à minha carteira, em busca de moeda. Olho para um lado, olho para outro, ninguém na espreita. Me aproximo do animal de barro. Nova conferida para ver se alguém me observa. Ninguém! Menos de um metro do porco. Já me convenço de que acabo de ser seduzido. É ele mesmo! É ele quem vai "financiar" o equipamento.

Faço-lhe um carinho. Me recordo dos dias em que via o Nando de cima para baixo com o porco nos braços, reclamando do peso. Me perguntava sempre: "Quanto será que tem aqui?" enquanto demonstrava o peso do porco, com alternados movimentos, para cima e para baixo. Ele me fita com seu olhar paralisado. Meu coração bate mais acelerado. É o fim do porco. Uma gota de suar desce pela face. Minha sanha destrutiva está aguçada. É hora de liquidar o animal. De leve, tento movê-lo para beira do balcão. Está pesado! Forço mais o músculo do braço e mantenho os dedos da mãos em riste. Ele se move.. vai cair... está perto. Confiro de novo! Ninguém. De repente: catampumba.. o porco já era, virou caco no cão. As moedas reluzem, brilhantes, tilintando ao chão. Os meus olhos brilham

Nando corre para andar de cima, perguntando o que houve. Fica paralisado na porta da sala. Seus olhos fixos no animal destruído. Ele balbucia choroso: "Meu porco...".

Sinto em mim a dor dele. Pai é pai, por mais desnaturado que seja, é pai. Consumava o assalto ao porco do meu filho, mas por uma boa causa. Na verdade, o concurso da Aerovirtual funcionou apenas como um pretexto para "detonar" o porco. Eu chamo o Nando para perto. "Calma filho, vamos criar outro. Agora vamos conferir quanto dá isso aqui". Ele segue paralisado. "VOcê quebrou o meu porco" - acusa-me. Eu me defendo: "Não.. Não.. ELe caiu, escorregou da minha mão" - minto. Ele insiste: "Você quebrou o meu porco" - diz, já um pouco irado, ao perceber que minha voz denunciara que tudo foi feito de propósito. "Calma filho, a gente cria outro com moedas de 1,00" - prometo. Nada! Impassível, ele segue, como se tivesse lendo as minhas intenções: "Você quer roubar o dinheiro do meu porco". E eu decreto:

-- Esse dinheiro todo é meu. Nem vem. Como você ousa me acusar assim? Vou guardar o dinheiro, comprar outro porco e colocar dentro - afirmo, enquanto junto as moedas. Ouço apenas a porto se bater, com ele saindo revoltado. Ufa!!!! O drama foi menor do que poderia ser. Agora, é esperar Valdete para juntar os cacos do porco. Vou para o passo 2.

2º Passo
Apesar de tudo, os olhos brilham com a quantidade de moedas que aquele porco lazarento carregava. Olho para o envolucro de plástico transparente, apinhado de moedas, a prata misturando com as bordas de ouro. Uaaau... R$ 330,00. Já dá para comprar a máquina. Me arrasto até o computador, um bom e velho Pentiun 200, com 256 de memória RAM e placa de vídeo on-board. Ligo e desço para pegar um café. Encho a chícara e aproveito e pego duas rosquinhas Mabel de côco para acompanhar o café. O máquina poderosa do PC ainda está fazendo o boot. Me recosto e aguardo, pacientemente. Esse exercício é uma constante. O Windows 95 se abre. Tiro o telefone do gancho para conferir se está sendo usado ou não em uma extensão. Normal! A linha é toda minha! Dois clicks no ícone de Conexão da Internet. Não demora muito e um OK. Ouço o modem discar o provedor e conectar com aquele tradicional ruído. Pronto! Conectado a 158 Kbs. O navegador Explorer se abre vagarosamente. Aos poucos, as imagens vão aparecendo na tela. Uma foto enorme do Rubinho Barrichello com a Brawn GP na capa do Globo.com vai se formando na velocidade de uma impressora HP 820CXi - a primeira jato de tinta do mercado. Levo o cursor para um novo endereço e acesso o Buscapé atrás de um câmera digital. E ela vem, bonita, na foto,após um minuto e meio esperando pela resposta.

Ei-lá!


Agora ninguém me segura!!!


Fuiiiii